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A Rádio - O prazer da comunicação

 

Já passaram vinte e sete anos da legalização das radios piratas em Portugal. O conceito mais correto seria de radios locais, uma vez que o vocábulo "pirata" significaria uma violação à lei, que na altura, não existia.

Este fenómeno (chamemos nós, rádios piratas ou rádios locais) foi um autêntico sucesso, não só em Portugal mas também no mundo inteiro.  Graças a elas, Portugal começou a fazer rádio para os seus ouvintes, modificando conceitos e desenvolvendo uma cultura radiofónica própria primando pela criatividade e dinamismo.

 

A principal motivação destas rádios prendia-se com o encanto que o mundo radiofónico tem, e que acaba por contagiar aqueles que já dizem ter o tal “bichinho” da rádio. Por brincadeira ou passatempo, as pessoas acabavam por se empenhar nestes projectos e a verdade é que todos trabalhavam por gosto, por “amor à camisola”. Toda a gente queria ter a oportunidade de ser locutor e chegar aos ouvidos de toda a gente, daí que estes projectos envolvessem pessoas com as mais variadas profissões e de todas as idades.

A programação fazia-se conforme aquilo que se tinha ao alcance, os discos “roubados” aos pais, isto porque alguns dos trabalhadores das rádios piratas não tinham recursos monetários para poderem comprar os vinis ou cassetes.

 

O importante deste movimento de rádios pirata foi o romper do monopólio das rádios legais, ou seja, do estado. Elas trouxeram coisas muito positivas como a criatividade, novidade, sangue novo ao país e a possibilidade de todos sem excepção poderem ser pessoas da rádio mas, mais importante que tudo, conseguiram preencher algumas das lacunas que se encontravam em aberto. Além de formarem grandes profissionais conhecidos de hoje.

 

Trabalhando, a maior parte das vezes com parcos recursos, as mais dotadas, trabalhavam já com emissores FM stereo, mas a maior parte delas (milhares e milhares) trabalhavam em garagens com equipamentos e recursos muito escassos e emissores FM mono.

 

Hoje, passados alguns anos, assiste-se a uma certa injustiça. As rádios dos nossos dias são completamente formatadas e idênticas umas às outras. A originalidade foi deixada de lado e assiste-se a uma massificação dos conteúdos das rádios que vivem condicionadas pelo nível de audiências e sobretudo através de receitas publicitárias, o seu “ganha-pão”.

 

A nível musical tivemos de conviver com as aberrantes “play-lists”, não permitindo que sons novos e mais alternativos possam ser conhecidos. Dentro deste cenário, poucas e louváveis são as excepções. O panorama radiofónico perdeu imenso com a extinção das Rádios Locais (piratas), que inadvertidamente, modificaram a forma de fazer rádio e surgiram como uma lufada de ar fresco, inovando, criando e desenvolvendo um estilo próprio de fazer rádio que não conhecia limites. Enfim, estas sim, foram as rádios que fizeram história!.

Este é o propósito da ONDA 80 MINHO, reviver aqueles momentos inclusivamente com a música da época.

 

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